quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Obituário # 10: Luiz Paulo Vidal, por Guilherme de Paula Pires

Surfista em Curitiba, comia repolho no café da tarde

Luiz Paulo Vidal


Luiz Paulo Vidal, carioca, surfista na juventude, trocou o céu de brigadeiro do Rio de Janeiro pela cerração curitibana em 1960. Tinha 20 anos. Criou cinco filhos do segundo casamento, nenhum consangüíneo. Braços fortes,  trabalhou como mecânico por toda a vida na Atlas Elevadores. Sua mala de ferramentas pesava mais de 30 quilos. 

Faleceu com 71 anos por complicações de diabetes agravadas por um câncer no estômago, recém descoberto.

Vidal saiu do Rio de Janeiro brigado com o pai, e nunca mais se falaram. O motivo da discussão é um mistério para todos. Dinheiro, patrimônio, suspeitam os filhos.

Duas vezes por ano ia para Matinhos nadar. Mesmo no ano de sua morte, com a visão frágil, não deixou de pegar jacarés e furar ondas no litoral. Amigo de muitos, o que mais gostava de fazer era comer. Maria Aparecida, sua esposa, lembra que seu café da tarde era pão com feijão e repolho. Também recorda que não dividia a mesma cama com o esposo há mais de 10 anos. Por higiene. Ele dizia que com o frio daqui não suava, logo não precisava tomar banho.

É consenso na família que os dois filhos de sangue não o amavam do mesmo jeito que os demais.  

Um mês antes de falecer, Vidal sofreu uma grave crise de bronquite e foi hospitalizado. Descobriu-se um tumor no estômago em fase avançada. Sabendo que sua morte estava próxima, pedia todos os dias para morrer em casa. Sua esposa, convencida pelos médicos da necessidade da operação, autorizou o procedimento no hospital. Cinco horas depois, Luiz Paulo Vidal falecia com o pesar da esposa por não atender ao seu ultimo pedido. 

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