Fez a família sofrer. Foi perdoado porque também sofreu
José Carlos de Jesus
“O perdão tomou conta dos corações dos filhos e eles ficaram ao lado do pai até o último suspiro”. Telma Carvalho, vendedora do plano funerário que atendeu a família de José Carlos de Jesus, compreendia que aquela despedida era bem mais difícil do que as que acostumou a preparar.
Pai de três filhos homens, José Carlos deixou um neto e uma nora. Assistiu a sua esposa lhe abandonar pela agressividade e abuso do álcool. “Ele era violento e vivia bêbado. Minha mãe não aguentou e foi embora”, desabafa o filho mais velho do casal, Mauro de Jesus.
Trabalho e lealdade eram as maiores virtudes de José Carlos, dono de um sorriso cativante. Ele não deixou, mesmo após ser abandonado pela esposa, de sustentar a família. Cinco meses depois da separação, a ex-esposa Madalena, tomada pela depressão, morre e deixa orfãos os três filhos ainda pequenos.
Já aposentado, o homem volta para os filhos. O convívio não foi fácil. O alcoolismo, a violência e as brigas constantes fizeram José Carlos ser abandonado pela segunda vez. Até a vizinha Maria Aparecida sabia do drama familiar: “Ele não demonstrava carinho e sentimento nenhum pelos filhos”.
A diabete adquirida na vida inconsequente fez que sua saúde ficasse bastante debilitada. Internações hospitalares se tornaram rotina, o que serviu, pelo menos, para uma reaproximação entre pai e filhos.
A dor da perda começou a ocupar espaço da raiva. O remorso da ausência de José Carlos foi evidente na noite do sábado do dia 6 de agosto em que morreu. Mauro procura uma redenção: “todo o sofrimento que ele passou fizeram ele pagar o que fez conosco e com a nossa mãe.oi em paz”.
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