sábado, 20 de agosto de 2011

Obituário # 14: Humberto Andreata, por Letícia Gabrielle dos Santos


Construir é escrever com cimento

Humberto Andreata

Considerado um leitor assíduo, Humberto Andreata não deixava transparecer a pouca escolaridade que possuía. Frequentou escola pública até o terceiro ano do primário, mas carregou consigo a paixão pelos livros mesmo após o colégio.

Nascido em ambiente de pobreza, em dezembro de 1937, no município de Colombo, Humberto desde pequeno incorporou o trabalho às suas atividades rotineiras. Tanto que precisou sair da escola.

Começou vendendo lenha e vinho em uma carroça. Auxiliou o pai na construção de imóveis, e dessa forma, sustentou até o final da vida uma atividade que lhe dava imenso prazer: a construção civil.

Ao mesmo tempo em que conquistava espaço na profissão, Humberto, aos 21 anos, se apaixonou por Maria, que tinha apenas 15 anos. O namoro era sempre sob vigilância: na casa da moça, nos passeios dominicais ou na igreja.

E era a igreja a principal fonte de diversão do casal. Eles passavam semanas esperando as raras festas promovidas pela paróquia. Casaram em 1963, ano em que mudou-se para Curitiba e construiu sua casa. Com as próprias mãos.

O salário que recebia na capital não dava para sustentar a família. Humberto então comprou um pequeno caminhão para transporte de grama. Mais tarde experimentou trabalhar em uma empresa de fabricação de calcário, e posteriormente conseguiu vaga na prefeitura. Apesar da mudança na área profissional, Humberto sempre soube apreciar a beleza da argamassa e com o dinheiro arrecadado em anos de trabalho, abriu sua própria construtora, na qual trabalhou até se aposentar.

Com três filhas mulheres e o tão esperado filho homem, Humberto continuou frequentando as missas dominicais e transferindo aos seus filhos o amor à religião. Sempre que podia ajudava os necessitados com alimentos, dinheiro, roupas ou simplesmente com seus conselhos.

A paixão pela literatura o acompanhou até o final da vida: pouco tempo antes de falecer, escreveu uma longa carta de despedida para a mulher e a cada um dos filhos. O coração parou subitamente no dia 14 de maio. Ele tinha 74 anos.

* 23/12/1937
+ 14/05/2011

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