Vicente de Paula Oliveira
Vicente de Paula Oliveira nasceu em Pereiras, uma cidade paulista com seis mil habitantes. Passou a infância no sítio da família, cercado pelos pais e os cinco irmãos. Quando se aposentou, depois de 35 anos de trabalho como técnico de telecomunicações da Telepar pensou em voltar para sua cidade natal, porém não deu tempo. Com apenas 62 anos e aparência de 50 teve sua vida interrompida por uma doença que afeta um em cada 100 mil habitantes, a Síndrome de Guillain-Barré.
Em menos de um ano a partir do diagnóstico, todos os músculos de Vicente paralisaram. E dependência era algo que ele não suportava. Costumava contar que aos 19 anos deixou o sítio e foi para a cidade de São Paulo procurar emprego para se tornar independente. “Qualquer um pode se tornar independente é só ter vontade de trabalhar.”
Não adiantava a enteada dizer que atualmente as coisas são diferentes, que é necessário ter um bom currículo, que os salários para quem não tem qualificação profissional são baixos, porque ele dizia que isso era desculpa de “preguiçoso”.
Apesar de não ser engenheiro de telecomunicações, tinha projetos patenteados e era admirado pelos colegas de trabalho por sua competência. Não tinha amigos, era reservado e de pouca conversa. Poucos sabiam de sua vida particular. Apesar de cordial, não deixava brechas para perguntas pessoais e isso até lhe dava certo charme, um ar misterioso. Sensível, chorava copiosamente com notícias tristes ou músicas que trouxessem recordações da infância ou dos pais.
Nunca casou, apesar de manter uma relação amorosa por mais de 30 anos. Também não teve filhos biológicos. Como não deixou testamento, sua herança é motivo de briga na justiça entre a ex-companheira e os seus irmãos.
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