quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Obituário # 24: Maria Eugênia Braz, por Jéssica Soares

Tinha apenas dois anos, novamente

Maria Eugênia Braz

Foi um exemplo de mãe para os filhos, que ao total somam sete de um único casamento. Gostava tanto de crianças que em sua juventude fazia disso o seu trabalho. Cuidava de bebês enquanto as mães iam para a roça. 

Era uma mulher que adorava música e sempre ia aos bailes de São Paulo, mas não gostava de brigar por namorados. Abriu mão de um italiano elegante que era assediado por outras mulheres.

Foi adotada legalmente aos 109 anos porque os parentes não davam mais o apoio que precisava. Maria Eugênia atravessou 540 km deitada dentro de um carro, de Campinas até Curitiba, para abraçar sua nova família.

Permaneceu no bairro Tatuquara com dona Lourdes Tangerino, a quem fazia questão de chamar de irmã. Recém-chegada ao lar, Maria Eugênia ganhou amigos, festa de aniversário, conforto e até uma nova religião. Católica desde pequena, converteu-se à Congregação Cristã, um esforço de Lourdes: "Mesmo debilitada, sempre que podíamos levávamos ela aos cultos".

Não se deixava abater pela doença e mesmo enfraquecida transbordava autoestima. Conversava com os novos netos ouvia atentamente quem aparecia para visitar. Vaidosa, não esquecia de uma touca de lã rosa que a aquecia nos dias de inverno, presente da sua irmã adotiva: "Dei a ela e não vou me desfazer. Guardarei de lembrança".

Dia 4 de agosto, aos 111 anos, de AVC.

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