O medo escureceu a vida de Clara
Clara Zimmer
Dona Clara, 76 anos, era uma mulher pequena e magra. Cozinhava bem e sabia fazer vários tipos de doces. Nasceu e morou quase a vida toda em Lageado, cidade onde não habitam mais que 10 mil pessoas. Em 2009 veio para Curitiba, ficar próximo aos médicos. Na chácara, era típica dona de casa. O lugar era impecável e ainda sobrava tempo para cuidar do jardim, das plantações de fumo e dos patos, galinhas, gansos, porcos e vacas.
Clara Zimmer
Dona Clara, 76 anos, era uma mulher pequena e magra. Cozinhava bem e sabia fazer vários tipos de doces. Nasceu e morou quase a vida toda em Lageado, cidade onde não habitam mais que 10 mil pessoas. Em 2009 veio para Curitiba, ficar próximo aos médicos. Na chácara, era típica dona de casa. O lugar era impecável e ainda sobrava tempo para cuidar do jardim, das plantações de fumo e dos patos, galinhas, gansos, porcos e vacas.
Era um tanto corcunda. Os filhos culpam o fogão à lenha, que exige manter o corpo abaixado para repor a lenha.
Em pleno 2011, Clara conservava firme as tradições. A religião, as rezas e os costumes eram observados com rigor. Deixava uma santa na cozinha, do lado da mesa, e outra na sala. Antes de sair para a colheita, rezava a oração de São Bento.
Tinha uma rotina normal até o momento que sua doçura, que era uma característica indissociável, começou a mudar. O filho discutia com os vizinhos por causa do limite dos terrenos. Por conta disso, recebeu ameaça de morte. Dona Clara começou a ficar paranóica. Tinha medo de tudo. Comia e dormia mal. Mergulhou fundo na depressão. Médicos, igrejas, psicólogos, hospitais, remédios. Começou a ver ameaça onde ninguém mais via. A filha testemunhou Dona Clara apontar para o muro vazio de uma creche e gritar: “Tem vários carros de polícia ali”.
Todos dizem que os problemas fatais de saúde foram resultado da depressão. Mesmo com o sombrio fim da vida, deixou como lembrança a doçura, os doces, a alegria que irradiava.
Clara Zimmer nasceu dia 26 de abril de 1925. Faleceu dia 28 de julho de 2011.
Deixou marido, filhos, netos e um bisneto.
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