quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Obituário # 17: Seu Quelé, por Vanuza Machado

Os braços de Quelé eram uma fábrica de chouriço

Clemente Reis Meurer


Pegar um filho no colo pode ser um gesto para um pai, mas para Renildo é a melhor lembrança que guarda de Clemente Reis Meurer.

Os familiares dizem que Clemente - ou Quelé, como era chamado em casa - não era a pessoa mais afável do mundo, mas em sua simplicidade era muito amoroso, além de manter o bom humor até dias antes de sua morte. "Por que vocês tiram tanto sangue? Abriram uma fábrica de chouriço?", brincou com a enfermeira que o acompanhava durante o tempo em que esteve internado.

Apesar de morar na região rural de Guaratuba, teve uma vida agitada. Passou pelas profissões de agricultor, professor, carpinteiro, mestre de obras e zootecnólogo, mas sempre achou um momento para ler a Bíblia e realizar as obrigações de ministro de eucaristia.

Clemente e Renildo tiveram uma fabriqueta de blocos que faliu com o golpe da poupança no governo Collor. O pai costumava dar bons conselhos. Por causa dele, Renildo não fechou um negócio que hoje classifica de “roubada”.

Um homem que nasceu no fim da segunda grande guerra não precisa fazer disso um motivo para sua vida ser um conflito. Na batalha contra o câncer, Clemente não foi um vencedor, mas deixou a lição de coragem e ensinou sua esposa e quatro filhos a passar pela luta com amor.

* 6 de janeiro de 1945
+ 21 de julho de 2011

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